Mapa Pitoresco de Iaça. (Foto: Livro Crônicas de Iaça: O mundo além do olho d´água)
Pouco se sabe sobre a criação do Mundo de Iaça e dos seus habitantes. Um dos mais valiosos escritos foi divulgado pelo curupira Mauruge para os povos indígenas. É um texto que conta como Tupã teria criado o mundo dos índios e das criaturas que o habitam.
Tupã é conhecido como o grande trovão, aquele que se faz ouvir com um estrondo, que rasga os céus com seu poder. Este ser divino e poderoso teria supostamente criado o mundo dos índios e das criaturas que habitam Iaça.
Há entre os mais sábios, outra afirmação, a de que o mundo começou na porção de terra conhecida como Continente Esquecido. Lá, nesta terra afastada, segundo os escritos encontrados nas cavernas de Ité, é o lugar de Tupãóka, a casa de Tupã.
O continente esquecido é evitado por todos em Iaça. Muitas são as histórias de quem viajou e nunca mais retornou. Acredita-se que as águas que cercam o grande pedaço de terra a Oeste estejam repletas de seres poderosos e monstros.
Já, as águas do Mar de Anomati, abrigam a gigantesca Boiúna, conhecida como a Cobra Grande3. Alguns Caris da cidade de Lusitânia tentaram certa vez viajar por suas águas buscando explorar a ilha da noite, mas todas as tentativas só faziam a Cobra Grande melhorar seu cardápio.
Falando sobre a Ilha da Noite, o ambiente é obscuro e pesado, nuvens negras envolvem os picos das rochas mais altas. Criaturas pouco amigáveis e sociáveis vivem ali. A ilha da noite é o último lugar que você gostaria de estar, acredite. Hoje o pedaço isolado de terra é morada de Abaçaí, o curupira perseguidor de índios
Para defesa contra as criaturas da Ilha da Noite, Lusitânia mantém canhões apontados diretamente para ela. Os Caris temem que os seres que ali se encontram possam acabar com a estabilidade construída ao longo do tempo.
Os Caris são um povo que se fixou a Leste da terra de Iaça. Muitos dos seus habitantes adentraram no mundo por motivos desconhecidos e hoje formam uma civilização poderosa que cria engenhocas que mudam a paisagem.
A cidade dos Caris abriu caminho ao progresso, Aguapé é um exemplo. A cidade comercial é ponto de negócios para as mais diferentes raças em Iaça. Lá você pode comprar aquele amuleto estranho cheio de proteção que um pajé botou a mão, até um pedaço de cabelo do herói indígena Kaluana, deixado na grande batalha de Aram.
Em Aguapé você pode almejar ter um comércio, mas prepare-se para desembolsar muitos Lusos7, a moeda dos Caris. Os Lusos podem ser de ouro, prata e ferro.
Com cerca de dez lusos de ouro e vinte de prata você pode ter um espaço modesto na cidade comercial, mas lembre-se do cuidado que precisa ter para fazer negócio, principalmente com a raça dos sacis, são extremamente espertos e pacientes na arte de negociar.
Em Iaça também se pode navegar em vários espaços do rio Pará que chegam até a cidade comercial de Aguapé. De canoa ou de barco o ideal é que você aporte perto das grandes vitórias-régias que cedem o corpo para as grandes construções de madeira e todo tipo de pedra e folha.
Os Caris não acreditavam na força das vitórias-régias; um índio muito sábio falando ao capitão da guarda de Lusitânia, na época em que a cidade foi construída, o convenceu de que elas seriam capazes de abrigar cidades. Felizmente ele estava certo e hoje construções gigantescas estão sobre elas.
Com um projeto ousado e o uso de técnicas que só os Caris conhecem, Aguapé foi construída sobre as grandes folhas circulares de Iaça, como são também conhecidas as vitórias-régias. As águas de Aguapé são formadas do encontro do rio Pará com o mar de Anomati, o nome dado a esse encontro é rio-mar.
O rio Pará começa da nascente chamada de mil olhos d’água. É espetacular como este rio de água escura nasce. Os índios afirmam que pelo menos uma vez na vida você deveria banhar-se nele, a sensação segundo contam, é de um novo nascimento.
Ao Sul, próximo a Itaóka, existe um espaço sagrado para os índios, este local é conhecido como Aram, lá ocorreu à grande batalha entre Kaluana e Abaçaí. Neste lugar, o destino dos índios e dos Caris foi selado e naquele momento Abaçaí teve sua mão cortada pela lança afiada de Cabelo de Velha que lutava ao lado dos homens brancos.
A proximidade de Aram encontra-se Itaóka a casa do curupira Mauruge. Lá o mal-humorado tem sobre sua posse informações importantes dos grandes Espíritos de Iaça. Magia, escritos, amuletos e todo tipo de instrumentos criados pelos habitantes, incluindo uma vela fabricada em Lusitânia, objeto que Mauruge venera.
Em Araxá, você encontrará árvores gigantescas e extremamente fortes. Muitas lanças dos índios são fabricadas com as madeiras destas árvores. Os sacis tomam conta de Araxá, onde são encontrados aos montes. Defendem a floresta com todo o seu poder e destreza. Não se engane, mesmo com uma perna só, um saci é extremamente veloz, podendo inclusive dar saltos gigantescos.
Ao Norte de Iaça encontra-se Amandy, o país é um local úmido que chove constantemente, dizem os mais sábios que isso ocorre por causa dos seus governantes, dois seres estranhos com uma enorme bondade e coragem, o Senhor e Senhora da Chuva.
Perto de Amandy, as montanhas de Ité completam a paisagem. Em torno das montanhas, muitas cavernas formam um cenário que inspira cuidado. Em Ité diversos homens- morcegos gigantescos conhecidos como Andirás tomam conta de seus domínios.
Quando a noite chega e o reinado de Jaci (a Lua) paira sobre a cabeça de todos; os Andirás saem famintos em busca de carne fresca e sangue, portanto, cuidado amigo leitor ao passar por Ité, pois, esta poderá ser a sua última trilha.
Perto de Ité os grandes urubutiagas voam imponentes sobre as matas e as montanhas. Conhecidos também como Urubus-reis. Esses gigantes alados são companheiros dos curupiras de Iaça, os urubitiagas participaram de várias batalhas ao lado dos sacis e índios.
Finalizando o passeio pela terra de Iaça, existe a aldeia de Óka. Lar de guerreiros poderosos e tradições muito antigas.
Os índios de Óka são bastante hospitaleiros e eles servem aos seus visitantes o melhor que possuem como a sua comida, casa e é claro uma boa bebida. A preferida é o açaí servido em cuia decorada com imagens da aldeia.
Cabelo de Velha nasceu em Óka, desde cedo se tornou um grande guerreiro, a lança é manejada com habilidade. Sua inteligência o permite manter contato com várias raças, inclusive com os Caris de Lusitânia.
Para saber mais sobre a terra de Iaça, convido-lhe, corajoso leitor, a acompanhar o escoteiro Eduardo Katú em suas aventuras por este mundo repleto de mistérios.